domingo, outubro 19, 2008

A minha bicicleta nova

Desde Junho percorro as ruas de Lisboa com ela. Através da Bé descobri este poema de Alexandre O'Neill, um grande elogio à bicicleta e uma mordaz crítica ao automóvel. Para ler e reler, ora leiam:



ELOGIO BARROCO DA BICICLETA



Redescubro, contigo, o pedalar eufórico
pelo caminho que a seu tempo se desdobra,
reolhando os beirais - eu que era um teórico do ar livre - e revendo o passarame à obra.

Avivento, contigo, o coração, já lânguido
das quatro soníferas redondas almofadas
sobre as quais me entangui e bocejei, num trânsito
de corpos em corrida, mas de almas paradas.

Ó ágil e frágil bicicleta andarilha,
Ó tubular engonço, ó vaca e andorinha,
Ó menina travessa da escola fugida,
Ó possuída brincadeira, ó querida filha,


dá-me as asas - trrrim! trrrim! - pra que eu possa traçar
no quotidiano asfalto um oito exemplar !

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