A minha bicicleta nova
Desde Junho percorro as ruas de Lisboa com ela. Através da Bé descobri este poema de Alexandre O'Neill, um grande elogio à bicicleta e uma mordaz crítica ao automóvel. Para ler e reler, ora leiam:
ELOGIO BARROCO DA BICICLETA
Redescubro, contigo, o pedalar eufórico
pelo caminho que a seu tempo se desdobra,
reolhando os beirais - eu que era um teórico do ar livre - e revendo o passarame à obra.
Avivento, contigo, o coração, já lânguido
das quatro soníferas redondas almofadas
sobre as quais me entangui e bocejei, num trânsito
de corpos em corrida, mas de almas paradas.
Ó ágil e frágil bicicleta andarilha,
Ó tubular engonço, ó vaca e andorinha,
Ó menina travessa da escola fugida,
Ó possuída brincadeira, ó querida filha,
dá-me as asas - trrrim! trrrim! - pra que eu possa traçar
no quotidiano asfalto um oito exemplar !
ELOGIO BARROCO DA BICICLETA
Redescubro, contigo, o pedalar eufórico
pelo caminho que a seu tempo se desdobra,
reolhando os beirais - eu que era um teórico do ar livre - e revendo o passarame à obra.
Avivento, contigo, o coração, já lânguido
das quatro soníferas redondas almofadas
sobre as quais me entangui e bocejei, num trânsito
de corpos em corrida, mas de almas paradas.
Ó ágil e frágil bicicleta andarilha,
Ó tubular engonço, ó vaca e andorinha,
Ó menina travessa da escola fugida,
Ó possuída brincadeira, ó querida filha,
dá-me as asas - trrrim! trrrim! - pra que eu possa traçar
no quotidiano asfalto um oito exemplar !
Marcadores: bicicultura